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08/12/2016

A PEC 55, as medidas anticorrupção e a mídia brasileira


Nos últimos 30 dias o Brasil viveu grandes momentos de mobilizações. Um dia 11 de novembro, com paralisação dos trabalhadores em várias regiões do Brasil, outro dia 29 de novembro, em que estudantes e trabalhadores foram até a capital federal protestar contra a PEC 55 e a última no domingo, dia 4 de dezembro, em que parcela da sociedade foi às ruas protestar contra a votação das medidas anticorrupção, recentemente votado na Câmara dos Deputados.

Ambas as decisões dividem a sociedade brasileira e passam pela decisão dos parlamentares do Congresso Nacional. A PEC 55 é tratada pelos meios de comunicação como uma medida necessária para ajustar as contas do governo, porém a maioria da população, inclusive os movimentos Sindicais, sociais e populares chamam a proposta de PEC da Morte, numa alusão ao fim das políticas públicas, como saúde e educação.

Pouco, ou quase nada, se vê na televisão, jornais e rádios, matérias que aprofundem o conhecimento sobre os impactos dessa medida ou análise de especialistas. A sociedade tem se mobilizado, entidades sindicais e movimentos sociais realizaram grandes atos que paralisaram o país no dia 11 de novembro, mais de mil escolas e universidades foram ocupadas por todo o país para pedir o arquivamento da PEC 55 e no dia da votação da PEC no Senado, 29 de novembro, Brasília foi ocupada por estudantes e trabalhadores. A mídia não divulgou com antecedência a realização dessas atividades e o pouco de espaço que deu em seus canais de comunicação, os retratou como vândalos, baderneiros e desocupados.

No mesmo dia 29 de novembro, enquanto o Senado votava à PEC 55, a Câmara dos Deputados votava um pacote com 10 medidas anticorrupção. Um projeto polêmico, que nasceu de uma iniciativa popular, que foi divulgada e incentivada pelo Ministério Público. Com várias emendas o projeto foi aprovado e alterado, tirando o poder absoluto das esferas jurídicas. Os deputados nem haviam terminado a votação e os meios de comunicação já se posicionavam contrários aos parlamentares. Matérias saiam com títulos que essa postura era uma tentativa de barrar à Operação Lava Jato.

Horas depois os movimentos de direita começaram a organizar um ato contra a votação. O ato aconteceu no domingo, dia 4 de dezembro, depois de várias chamadas pela mídia e de matérias especiais que retratavam toda a Operação Lava Jato e incentivavam as pessoas a participarem, o que eles chamavam de espaço democrático. As ruas foram ocupadas em diferentes cidades do país com pessoas de verde e amarelo, foram atos de menor proporção, mas que ganharam espaços de destaque nos meios de comunicação do Brasil.

A mídia brasileira desempenha um importante papel político no Brasil, ao ponto de interferir em decisões coletivas da sociedade. “A concentração dos meios de comunicação é um dado preocupante nessa interferência, pois a comunicação nas mãos de poucas famílias que dominam a comunicação do país, é algo antidemocrático e ditador, eles que decidem o que o povo brasileiro deve ou não saber”, avalia Adriana Maria Antunes de Souza, Secretária de Comunicação da CUT-SC. Para ela, essas diferenças de abordagens dos atos só demonstram que os meios de comunicação têm um lado da sociedade e este não é do lado dos trabalhadores.

Texto: Silvia Medeiros / Cut-SC

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